Pinga Fogo era cultura

Pinga Fogo

#somostodospinga

Só mesmo a morte do maior comunicador que a história recente de Maringá conheceu me faria voltar a publicar aqui. Apesar de estar longe da cidade, sou mais um que cresceu assistindo diariamente o programa do Pinga Fogo na TV, quando ainda começava ao meio-dia e trinta e dois. Minha avó ouvia também o programa no rádio. Pinga, que largou a política, fez rádio, TV, outdoor e até se aventurou num portal de notícias há alguns anos, que não deu certo. Claro, pode-se questionar as intenções e os métodos do ex-deputado. Assistencialista, puxa-saco dos Barros (afinal, comprou parte da concessão de rádio de Ricardo), a favor das classes dominantes e do status quo etc. etc. etc. O que não se pode questionar foi o sucesso quase absoluto que fez na cidade e na região, apostando exatamente na simplicidade. Migrante mineiro nascido em família pobre, desde as roupas até o modo de falar, Pinga Fogo encarnou a alma do norte-paranaense e, bem, se manipulava a opinião pública: manipulava, e bem. Mas podemos discutir isto mais tarde.

Em memória do homem, compilo aqui algumas das músicas que marcaram seu programa, recheado de referências cults e pops das décadas de 60, 70 e 80. Muito ouvidas e poucos comentadas, demonstram que Pinga Fogo era cultura.

Blue Star, versão brasileira dos Jordans para o tema do seriado Medic escrito por Victor Young, quando subia o aviso de que se tratava de uma produção independente e a responsabilidade era de seus idealizadores

 

O tema de Sete Homens e um Destino, de Elmer Bernstein, enquanto sua alcunha, que era também o nome do programa, queimava em chamas e uma voz forçada para parecer grave recomendava: “Prepara-se para ficar bem informado”

 

Rendez-Vous IV, de Jean-Michel Jarre, quando a câmera dava close em seu rosto gordinho, rasgado por um bigode cuidadosamente aparado, e em seu pescoço papudo estrangulado por uma gravata sobre uma camisa xadrez ou de listras, para que então uma voz feminina o chamasse de um modo muito característico e ele respondesse, como se atendesse o telefone, fingindo surpresa — “Opa! Tá falando com ele!” , anunciando, por fim, a hora exata, geralmente com o indicador em riste

 

O tempo ao longo do programa era marcado por toques rápidos, excertos das músicas a seguir. Isto também vinha desde o programa de rádio:

1. O tema de 007 a Serviço Secreto de sua Majestade

 

2. Axel F, o tema de Um Tira da Pesada

 

3. Does Your Mother Know, do ABBA

 

Se notar que faltou algo (e falta), comente.

“Coisa de mau político”

Em 2004, há quase dez anos, Joba concorreu ao cargo de prefeito de Maringá pelo PV e fez quase 7800 votos. Na quarta capa de seu programa de governo vinha impressa a letra de “Endereço: Maringá, Paraná!”, de autoria de Emir Nunes Moreira. A música ficou a cargo de Beto Capeletto e o arranjo de Paulo Machado — o grupo Terra Vermelha.

A gravação na voz do ex-vereador fez relativo sucesso na cidade e foi usada e abusada em sua campanha eleitoral que, entre outras coisas, também se valeu de bonecões de Olinda com a figura do cabeludo. Em seguida, derrotado nas urnas, Joba saiu da cena política de Maringá.

Passada uma década, o advogado Emir Nunes Moreira — que não é maringaense — reclama a autoria e revela: “Jamais autorizei o seu uso. O tal Joba é useiro e vezeiro em apropriar-se de letras alheias e não devolvê-las. Coisa de mau político…”.

Torradas de Maringá

Imagem ilustrativa

Ao longo dessa semana, aparentemente um grupo de adolescentes de Maringá se reuniu e fez uma compilação de fotos de outros adolescentes da cidade, especialmente garotas, em poses íntimas, e publicaram sistematicamente no Facebook e no Twitter, em páginas que ganharam repercussão em grupos do aplicativo whatsapp. O nome — torradas, com flexão de gênerodemonstra a clara intenção de ferir a imagem das jovens, ou, na linguagem popular, de “queimá-las”. Não demorou a atrair uma multidão, movida pela inconsequência da idade — Erikson já falava da moratória social —, disposta a julgar e disseminar opiniões grotescas sobre os corpos e o caráter das retratadas. O caso, que chegou ao ápice na madrugada da última quinta-feira, virou caso de polícia e foi manchete da edição sabática do maior jornal da cidade, que ampliou o interesse pela situação.

Não se trata de brincadeira. A página expôs uma face cruel da juventude de hoje que, de seus computadores e celulares, torna-se cúmplice do crime ao compartilhar a página e ampliar ainda mais a repercussão e o alcance das imagens:

https://twitter.com/eaedanni/status/421494356017565696
https://twitter.com/PauloVictorGV/status/421719786993631232
https://twitter.com/anacoleoni15/status/421717489702027264

https://twitter.com/themaaus/status/421107529603497984

https://twitter.com/guhziins2/status/421508410589196288

Sentare. Sentare!

No sábado passado, estava esperando começar o cinema no Avenida Center e fui cercado por dois loucos falando um italiano terrível. Estavam vestidos como dois personagens das novelas do Benedito Ruy Barbosa. Um se apresentou: era o Francesco de la Toscana. Passado o susto, eu o reconheci do Canal Boom — era o Ator Leandro Fóz, 32 anos, 1,70 de altura e 80 quilos. O outro, Luigi, dizia apenas “che joia” e me perguntava do bambino — que mais tarde apareceu andando de bicicleta.

Notei as câmeras. As pessoas começaram a se aglomerar em volta. Eu não conseguia disfarçar o meu constrangimento. O Leandro, ou Francesco, não sabia como pedir pra eu me sentar à mesa, que estava no meio do corredor, mas eu me sentei. O que faltava, então? Só a pizza e a tarantella. Lá veio o acordeão. Tinha de ser isso ou funiculì, funiculà. Mas o Francesco era napolitano ou toscano? E as mulheres dançando. E a pizza cortada em quadradinhos, espetadas com palitos Gina, servidas pelo Ator Henrique Cesar com vinho Paschoetto — um sacrilégio! Depois me contaram que era um flash mob… para promover um prédio.

Saí fora.

There is no free lanche

Chama a atenção o projeto de lei 12719/2013, de autoria da vereadora Carmem Vicente, que dispõe sobre a oferta de lanche para usuários do SUS pelo Tratamento Fora do Domicílio. Neste benefício, JÁ ESTÁ PREVISTO o pagamento de despesas de transporte e diárias para alimentação e pernoite para o paciente e o acompanhante  cobradas por intermédio do Sistema de Informações Ambulatoriais – SIA/SUS. O benefício é restrito a casos de média e alta complexidade e a deslocamentos superiores a 50 quilômetros.

Ao determinar um raio de 400 quilômetros de deslocamento, a lei maringaense cria uma enorme “free-free lanche zone” que abrange 925 municípios em cinco estados.

Em verde, as "localidades" em que os lanches grátis estão impedidos

Em verde, as “localidades” em que os lanches grátis estão impedidos

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Lixa

A lixa para os pés, guardada com zelo por quase dezesseis anos, apareceu em casa entre tantas outras coisas após a morte da minha avó.

Não ousei guardá-la — por falta de espaço –, mas fiz o registro de um pequeno detalhe da campanha à Câmara de Victor Hoffmeister, recém-falecido, em que apoiou os vencedores Gianoto e Marquinhos Alves. Hoffmeister, como se dissesse: “estou me lixando para você, mas estou a seus pés”, trocava de partido pela segunda vez (PMDB pelo PSC, PSC pelo PSDB) e buscava mais uma reeleição. Foi eleito suplente. Em 2000, encerraria sua trajetória política.

Fico imaginando se conquistou o voto da minha avó. Nascida no mesmo dia em que FHC, ela costumava votar nos tucanos.

Maringá completa 80 anos

A canção que deu origem ao nome de nossa cidade — e ao blog — faz oito décadas cheias em 2012. Foi em 1932 que Gastão Formenti (1894-1974) gravou a toada de Joubert de Carvalho (1900-1977). Ao longo desses 80 anos, foi cantada na voz de Carlos Galhardo, Silvio Caldas, Francisco Petrônio, Enrico Simonetti e Orquestra, Orlando Silva, Delora Bueno, Tonico e Tinoco, Inezita Barroso, Leo Marini (com e sem La Sonora Matancera), entre outros, e também pelos anônimos trabalhadores retirantes na selva norte-paranaense, na década de 1940… — reza a lenda que foi a d. Elizabeth Thomas, esposa de Arthur Thomas, então presidente da CMNP, que ouviu os trabalhadores assoviando a música e teve a sacada. A canção ainda é arrepiante, linda. Para mim, é mesmo maior do que a cidade de 350 mil habitantes que completou ontem 65 anos.

Lembrei de tudo isso agora ouvindo a ótima versão surf music feita pelos Bandidos Molhados em homenagem ao aniversário da cidade:

Prefeitura, coitada, foi vítima de falsificação de software

Sabemos que muitos dos comentários ofensivos que chegam até nós partem de computadores da Prefeitura. Daí nossa curiosidade em conhecer as pessoas que comentam — ou, no anonimato delas, as máquinas que, ao que soubemos, tiveram o Linux trocado pelo Windows como maneira de economizar os gastos com manutenção. Ao que parece, a troca foi de fato benéfica para os cofres públicos: ao menos o computador abaixo tinha uma cópia pirata do sistema operacional. Mais simples, mais barato, mais ilegal. Do jeito que o maringaense gosta.

A geografia maringaense se reúne

Dia desses me perguntava porque não havia uma seção local da AGB — Associação dos Geógrafos Brasileiros — em Maringá, com um Departamento de Geografia criado há 45 anos e um curso de Graduação reconhecido há 40, além de Programa de Pós-Graduação com 15 — coordenado há dois pela profª Angela Maria Endlich, que esteve este mês na Unicamp. Então surgiu o convite ao lado.

Fiquei mais surpreso ao saber que havia antigamente uma seção em Maringá. Geógrafos: por que a seção local foi extinta?

Em quanto isso !.!

A despeito de deslizes de ortografia e também de perspectiva, queria comentar somente o conteúdo. Os detentos recebem apenas o mínimo de dignidade humana — três refeições diárias. Se isto não é garantido aos trabalhadores, ou aos desempregados, aos aposentados, aos famintos e aos desamparados, certamente não devemos responsabilizar a população carcerária. COMER NÃO É PRIVILÉGIO.

 

Mais uma vez: a foto

Ávidos consumidores de propagandas, percebemos, mais uma vez, a foto do blog usada indevidamente. Desta vez, em peça do Ibracin, para promover o curso técnico em transações imobiliárias. Foi veiculado no Jornal de Ofertas Imobiliárias da Central de Negócios Imobiliários ano VII, n. 144, 16-31 jan. 2012, e também em cartazes colocados em alguns coletivos da TCCC. O autor é um tal Marcelo Rodrigues, celular 9998 0840.

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A foto também vem sendo usada pelo perfil no Facebook dos “Ateus de Maringá”, que surgiu na esteira da tal ATEA — Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos.

Beija-Flor continua falando errado

Pela segunda vez na semana, Beija-Flor, no programa diário do qual faz parte, pronunciou equivocadamente o nome do empreendimento da Beltrame Imóveis e da Marluc Construtura, o Bonne Vie (boa vida ou vida boa, em francês — muito sofisticado): bonê viê. Mas ele não foi o único:

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Meu filho vai ter nome de prédio
Debatendo com um contador de Maringá sobre homossexuais, ele questionou se eu tinha filhos. Ainda não, mas imagino que uma das tarefas mais complicadas seja dar nome aos rebentos. Curiosidade: meu nome veio de um edifício da Tuparandy que nunca saiu do papel.

Quero o nome mais bonito
Da mesma forma, deve ser muito satisfatório dar nome a condomínios, obras tão perenes quanto nossos próprios filhos. É um desafio ser original na selva de pedra crescente.

François
Nomes franceses são o supra-sumo dos condomínios edifícios, a exemplo do Île de France, Château de Lyon, Richelieu, Notre Dame, Belle Ville Boulevard e os “villes”, “maisons”, “belles”, “royales” e “boulevardes” que você queira: Vitória Ville, Delta Ville, Chanson Ville, Green Ville, Ingaville, Maison Higuchi, Maison Royale, Gran Boulevard etc. Só não diga que você sabe “parler françois”, por favor.

Basta ser europeu
Nomes que lembrem a Europa, o paraíso do bom gosto, também costumam funcionar: Morada Florença, Nápoles, Plaza Asturias, Plaza Firenze, Florência, Itália, Europa e por aí vai.

Ville, Village, Villagio
San Diego Village, Village (simplesmente), Helbor Villagio, Bellagio (!), Villa Bella. As línguas variam, mas querem dizer a mesma coisa: nada.

Requinte e sofisticação
Nomes ligados à nobreza também caem muito bem. Servem desde nomes de imperadores até barões. O “royal” também remete à realeza. E, torres, a castelos: Ambassador, Royal Garden, Royal Suíte, Imperial, Imperador, Torres Imperador, Quinta da Torre, Dom Pedro I etc.

Segunda língua
Capriche também no inglês. Anglicismos, além de requintados, são descolados. Gran Tower, Millenium Tower Residence, Phoenix, Hyde Park, Park Morangueira, Liberty Park — abuse dos “tower”, dos “park”.

Tributos
Artistas, pensadores, desbravadores, sua avó: todos merecem um prédio com seu nome. Michelangelo, El Greco, Tomás de Aquino, Pitágoras (há também o Teorema!), Marco Polo, Eça de Queiroz, Cristóvão Colombo (além do Caravelas), Debret, Matisse, Marcelino Champagnat; Vinicius de Morais, Antonio Carlos Gomes — e pioneiros como Vanor Henriques, Vladimir Babkov, Silvio Magalhães Barros e Christina Helena Barros.

Religiosos
Homenagear padroeiros também rendem edifícios abençoados: São Marcos, São Conrado, Santa Isabel, Santa Maria. Se você fez promessa, o momento de pagá-la é agora.

Sombra e água fresca
Nomes que lembram o litoral, maior sonho de consumo de Maringá, distante centenas de quilômetros do mar, trazem paz de espírito aos moradores, como Guarujá, Guarapari e Sol de Verão. Ligar o nome ao verde também pode ser eficaz: espécies vegetais diversas e lugares famosos pela natureza sempre funcionam: Mata Atlântica, Amazonas, Vitória Régia, Azaleia, Araucária, Restinga da Marambaia, Serra Morena são muito bons. Se misturar com inglês, então, fica infalível: Green Life, Green Park Boulevard, Green Pallace Trade Center (!!).

Meu preferido
Todos os nomes acima são reais e estão espalhados por Maringá. Na rua Marciano Halchuk, Vila Bosque, fica meu preferido. Um erro de pronúncia leva os desavisados a procurar o Condomínio GUARITA, elemento arquitetônico tão essencial quanto as dependências da empregada, esta palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.

Post dedicado a todos os porteiros-cartunistas de Maringá.

O spray de pimenta do século

Franz Silver, um eminente businessman radicado na cidade, como bom capitalista, resolveu fazer de seu hobby também uma fonte de renda. Depois de experimentar diversas variedades de pimentas em seus empregados, desenvolveu uma nova fórmula de spray de pimenta com efeito de até 24 horas, inspirado nas propagandas de desodorante e motivado por seu afeto por axilas bem depiladas.

O spray de pimenta parece que veio mesmo para ficar. “Já temos uma encomenda de 1200 unidades feita pela Guarda Municipal”, revela. Mas os cidadãos de bem também podem adquirir. “Ele pode ser usado perfeitamente em casos de tentativa de estupro ou abordagens de flanelinhas, cada vez mais comuns em nossa região”, garante Franz.

A esperança é que em breve o produto seja liberado para vendas nas escolas, um nicho de mercado ainda a ser explorado. “O spray é de fácil uso e pode ser usado já no ensino fundamental. Aliás, ele pode ser fundamental como recurso pedagógico e em casos de defesa pessoal para bullying ou mesmo em brigas de gangues de moleques na saída da aula”.

O self-made man também já fez uma proposta tentadora à Câmara Municipal. “Pretendemos incluir o spray nas despesas de gabinete de nossos vereadores. Com tantas notícias negativas, nunca se sabe qual será a reação da população. O spray garante resposta rápida a ataques violentos”. O empresário não discutiu a possibilidade de a população usar a mesma tática contra os legisladores, o que lhe daria lucros sem precedentes.

A novidade foi divulgada à comunidade numa casa noturna. Todos os colegas do ramo ganharam amostras grátis. Lose Reonel aprovou: “Cabe na bolsa, é uma gracinha”. Posteriormente, também foi usado o “marketing de guerrilha”, com envio de spam e pop-ups em sites, como forma de deixar os consumidores com raiva e, portanto, mais propensos a adquirir o produto.

Hilário Gomes recebe ameaça de morte em blog

Hilário Gomes avisa:

Um anônimo deixou um recado contudente e na afirmação faz ameaça contra a vida deste blogueiro. Devido a grosseria e as ofensas da postagem não dá para aceita-la. O que podemos fazer é copia-la e registrar queixa na Policia e pedir investigação para saber qual computador foi postado a mensagem.

Ele acredita que haja motivações políticas e relações com a administração de Sarandi.

Tem comentários em blog que realmente são difíceis.

Pinheirinho: apoio de Maringá

Começou a reintegração de posse de Pinheirinho, em São José dos Campos, em área de 1 mi m² que compõe a massa falida de Selecta e é usada para especulação imobiliária por Naji Nahas, um dos maiores especuladores brasileiros. Acompanho a ação apreensivo. O apoio também vem de Maringá, com posição de Marta Bellini, Cláudio Timossi, DCE-UEM, Anel e UJC.

Valeu, Negrão!

Jones Dark fez elogios ao blog ontem, depois de ler a postagem sobre o Selvagem:

vcs nao sao fraco cofesso sou admirador de vcs
pena que nao ta mas no odiario mas na verdade vcs nao precisa vcs tem muito potencial maringa e pequeno pra vcs
e tambem ja quero agradescer vcs pelas as materias que vcs coloca falando do negrao
Valeu!